Resenha: Libertinagem - Manuel Bandeira



Livro pertencente à Fase Heroica (1a Fase do Modernismo) da literatura brasileira. Foi influenciado pelas Vanguardas europeias, tendo como características conter um bom humor e a ironia em versos que se assemelham à prosa. Além disso, há o uso de assuntos tradicionalmente não considerados literário, além da associação mais analógica que lógica entre as palavras.

O Autor buscar uma liberdade formal e temática, insurgindo contra o convencionalismo, valorizando o cotidiano, a coloquialidade (através do verso livre e o uso de expressões antipoéticas). Mesmo sendo o período do Modernismo, é encontrado traços indicadores de sensibilidade romântica: melancolia, desencanto, desesperança, ligadas à ideia de morte. Ademais, há sempre uma certa ironia nas reações entre o poema e a fé católica.
Nos aspectos formais da obra, há o uso de diversas métricas, até mesmo retomando a utilização de versos redondilhos (poema “Vou-me embora para Pasárgada”), versos otossílabos (“Poema de Finados”), versos eneassílabos (“Oração no saco de Mangaritiba”). Outra característica é a mistura de duas variedades linguistas: escrita e a popular-oral (poema “Macumba do Pai Zusé”). Tratando-se da estrutura e a figuras de linguagem, um poema inteiro representa uma delas: “O último poema”, no qual o metalinguismo predomina, explanando os desejos estílicos e criativos do autor.

Sobre os aspectos temáticas, Bandeira também aventurou-se nas lendas brasileiras, rejeitando os padrões literários vigentes, recusando a poesia comedida, bem-comportada. É utilizado personagens “clowns”: personagens simples, mas capazes de expressar, com humor espontâneo, verdades essenciais, além de desmascarar a hipocrisia geral. Há também paródias, principalmente direcionadas à linguagem jornalística (“Poema tirado de uma notícia de jornal”), zombando da linguagem seca, sintética e referência e a forma impessoal que os fatos são narrados, denunciando a insensibilidade da imprensa.
Dentro dos temas, há também a poesia confessional, retomando lembranças do imaginário e da infância de Manuel Bandeira, mas com a angústia trazida pela doença que acometeu o poeta por toda a vida. Mesmo com a angústia do autor, no poema, a morte é trata com ironia e humor controverso (poema piada característico do movimento).
Há, mesmo com pouca participação, o erotismo do autor, utilizando em certos momentos a lírica amorosa a fim de criar uma grande poesia. Não se pode esquecer do lirismo romântico provindo da grande subjetividade originada de um neorromantismo, prova disso são os poemas “O impossível carinho” e “Mulheres”.
Por fim, tem-se o escapismo de Manuel (“Vou-me embora para Pasárgada”) e a solidariedade, principalmente visto no contexto histórico de um país de passado escravocrata (“Irene do céu”).

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