Cláudio Manoel da Costa


Também conhecido como o "“Guardador de Rebanhos”, Glauceste Satúrnio, seu pseudônimo, Cláudio Manoel da Costa nasceu na cidade de Mariana (em Minas Gerais). Estudou Direito em Coimbra, onde teve contato com as principais ideias do Iluminismo e, ao voltar para o Brasil, fundou da Arcádia Ultramarina em Vila Rica. Era um homem muito rico e de posses que influenciou a elite intelectual da época. Por ter participado da Inconfidência Mineira, foi preso e encontrado enforcado na cadeia em 1789.

Os temas iniciais de sua obra giram em torno das reflexões morais e das contradições da vida com forte inspiração nos modelos barrocos. Posteriormente, dedicou-se à poesia bucólica e pastoril na qual a natureza funciona como um refúgio para o poeta que busca a vida longe da cidade e reflete o as angustias e o sofrimento amoroso com sua musa inacessível Nise. Estes poemas fazem parte do conjunto intitulado Obras (1768), que representa o marco inicial do movimento no País. O poeta mineiro também introduziu, em seus textos, elementos locais, descrevendo paisagens e expressando um forte sentimento nacionalista, já que também se dedicou à exaltação dos bandeirantes, fundadores de inúmeras cidades da região mineradora e desbravadores do interior do país e de contar a história da cidade de Ouro Preto no poemeto épico Vila Rica (1773). Apesar desta obra fazer parte do Arcadismo, sua importância se deve ao fato de tratar da história do Brasil, fazendo com que o escritor fosse reconhecido como o fundador de uma literatura que aproximou o país da cultura ocidental.

Contudo, suas poesias ainda apresentavam indícios do Quinhentismo e do Barroco.
Cláudio Manuel produziu poemas com temática pastoril, com estrutura perfeita de soneto, além de trazer reflexões sobre a vida, problemas políticos e sociais, sobre a moral e sobre o amor. Com uma cultura humanística evidente, escrevia ao estilo petrarquiano, ou seja, por meio de fórmulas de composição que se valem de organizações sistemáticas de frases e ritmos, sempre tendo a natureza como testemunha ou aliada. Por ainda apresentar elementos barrocos, como o estilo cultista e conceptista, compondo poemas perfeitos na forma e na linguagem, muitas vezes Glauceste Satúrnio é considerado um poeta de transição. Além disso, seus poemas têm influência dos versos camonianos.

Sua poesia é rica e elegante, sem banalidades e ostentações. É considerado o nosso poeta neoclássico mais completo, pois ainda que nem sempre tenha realizado a melhor poesia, tinha clareza de como deveria ser feita, como revela no prólogo já citado: “É infelicidade que haja de confessar que vejo e aprovo o melhor, mas sigo o contrário na execução”. Como é comum neste tipo de poesia, o eu lírico fala sobre várias pastoras, porém nunca consegue alcançá-las. 

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