Diferença entre Antítese e Paraxodo



A antítese e o paradoxo são utilizados para dar maior expressividade ao texto através da oposição entre palavras e ideias.

A antítese consiste na utilização de termos, palavras ou orações que se opõem quanto ao sentido. Ou seja, esta figura de linguagem consiste na aproximação de palavras ou expressões de sentido oposto, porém, de fato não acontece a contradição entre os antônimos usados, mas sim uma oposição. Apesar de serem opostos, eles não se contradizem, ao contrário, dão maior destaque à ideia que está sendo desenvolvida. Veja alguns exemplos:


O amor e o ódio caminham lado a lado.
A verdade e a mentira fazem parte do dia a dia.

O paradoxo também se fundamenta na oposição, só que esta ocorre entre o mesmo referente, por isso é mais profundo, pois permeia o âmbito das ideias, não simplesmente das palavras ou orações, como na antítese. Veja o exemplo:

Os mesmos braços que serviram de abrigo hoje transmitem solidão.

O paradoxo, no exemplo, está sendo representado pela oposição entre ideias.
Os exemplos e a explicação objetivaram esclarecer que tanto a antítese quanto o paradoxo são figuras pautadas na oposição. Entretanto, o que as diferencia é exatamente o seu campo de atuação. A antítese opõe palavras que já são de naturezas opostas, enquanto o paradoxo opõe ideias opostas entre si, como visto no exemplo acima, causando uma contradição ou incoerência.
As figuras de linguagem são muito comuns em poesias. Em “Soneto da Separação”, um dos mais populares de Vinícius de Moraes, podemos observar a presença de antíteses. Leia o poema a seguir:
Soneto da Separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Já o famoso poema de Luis Vaz de Camões é um exemplo de paradoxo encontrado na literatura. Leia o poema a seguir:
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Oximoro, é uma figura de linguagem que harmoniza dois conceitos opostos em uma só expressão, formando assim um terceiro conceito que dependerá da interpretação do leitor. Dado que o sentido literal de um oximoro (por exemplo, um instante eterno) é absurdo, força-se o leitor a procurar um sentido metafórico (neste caso: um instante que, pela intensidade do vivido durante o mesmo, faz perder o sentido do tempo).

Para entender melhor essa diferença, observe os exemplos abaixo:
  • Durante a vida, acreditamos em muitas verdades e mentiras (antítese)
  • Para mim, a melhor companhia é a solidão. (paradoxo)
Ambos exemplos estão pautados na oposição, no entanto, o primeiro buscou expor palavras contrárias, ou seja, “verdade” e “mentira”, enquanto no segundo, a oposição ocorre no mesmo referente, por meio da ideia absurda de que a solidão é boa companhia, o que contraria o conceito ruim associado à condição da solidão.

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