Fascismo Italiano
O
pensamento fascista costuma emergir e ganhar força em contextos de
crise quando
se apresenta como solução radical, como aconteceu na Itália, que
mesmo tendo
combatido ao lado dos países vencedores da batalha, o Estado
italiano não conseguiu obter vantagens territoriais a partir da
guerra. Outro temor era de que o socialismo, implantado na Rússia,
viesse a se expandir.
O
Vítor
Emanuel III estava enfrentando uma forte crise. Os bruscos danos na
estrutura econômica italiana pela Primeira Guerra regaram problemas
de ordem social, sobretudo com relação aos trabalhadores do setor
industrial.
Mussolini
foi membro do Partido Socialista Italiano (PSI) até o momento em que
apoiou a entrada da Itália na Primeira Guerra. Tal gesto contrariava
as decisões do PSI, e Mussolini foi expulso da organização. Em
1919, Mussolini passou a articular uma nova organização de caráter
paramilitar, junto a ex-combatentes da Primeira Guerra Mundial. Tal
organização recebeu, inicialmente, o nome de Fascio
de combatimento,
que remetia ao feixe de lictor (fascio
de littorio),
símbolo do poder do antigo Império Romano.
Foi
então que, a partir da organização fascista, ele criou o Partido
Nacional Fascista, com
o objetivo de tomar o poder na Itália tanto pela via eleitoral
quanto por atos violentos contra os opositores. O
fascismo, movimento contrário ao operariado, encontrou grande apoio
populacional para se estabilizar.
Mussolini chegou ao poder em 1922, após os membros de o Partido
Nacional Fascista empreenderem a chamada “Marcha
sobre Roma”,
na qual centenas de fascistas saíram das principais cidades
italianas em direção à capital do país com o objetivo de
pressionar o então rei, Victor Emmanuel
III,
a empossar Mussolini como seu chefe de Estado.
O
Partido Nacional Fascista planejou um modelo de Estado forte,
centralizado no poder executivo, e que tornava a figura do líder,
o duce (em
italiano), incontestável. O culto da personalidade de Mussolini
tornou-se uma das principais características do fascismo italiano e
de todos os governos totalitário por ele influenciado.
A
partir de 1925, de fato, é que a ditadura fascista começa a se
afirmar.
No
ano de 1926, um atentado sofrido por Mussolini foi a brecha utilizada
para a fortificação do estado fascista. Que, com o tempo, Mussolini
conseguiu controlar todo o Estado italiano.
O Tratado
de Latrão,
assinado em 1929, sancionava o reconhecimento mútuo entre a Itália
e a Santa Sé, além de reconhecer o Vaticano como um território
soberano. E,
mais importante: esse tratado declarava o catolicismo como a única
religião do Estado, fazendo com que o governo não fosse mais laico.
Dessa
forma, o fascismo foi se fortalecendo a partir do princípio de
doutrinar os indivíduos,
envolvendo-os no regime a partir de sua ideologia e neutralizando
suas reivindicações de classe.
O
sindicalismo corporativo (corporativismo)
para controle das organizações de trabalhadores e oligopólios
empresariais que se articulavam com o controle estatal da economia.
A Carta
Del Lavoro (Carta
do Trabalho) constituiu um dos instrumentos de controle do
trabalhador italiano instituídos pelos fascistas. O principal órgão
do regime de Mussolini era o Conselho Nacional Fascista, que
deliberava sobre todos os assuntos de interesse político e econômico
e exercia poder de determinar ocupação de cargos nas várias
esferas do estado.
O
fascismo é uma conduta política extremamente autoritária, marcada
pelo nacionalismo,
pela militarização dos conflitos e por uma preocupação obsessiva
com a ideia de decadência de uma comunidade ou nação. Hostil às
formas modernas de democracia,
o fascismo recorre a violência, criando um inimigo – interno e/ou
externo – que deve ser exterminado para garantir a segurança e
supremacia de um grupo considerado superior. Mobilizando
os sentimentos legítimos de sofrimento ou injustiça, o fascismo
impulsiona e enfatiza a ideia de que o grupo que defende é a grande
vítima de uma situação a ser revertida. O
indivíduo seria uma fração do Estado, devendo contribuir para o
crescimento e para a glória da nação.
Apelando
mais aos fatores emocionais que a argumentação racional, o fascismo
encarna uma missão de regeneração nacional que se expressa na
figura de um líder extremamente carismático responsável por salvar
a nação.
No
campo político institucional, o fascismo se caracteriza por um
Estado forte, exercendo controle de todas as áreas sociais, e pela
presença de um único partido. As decisões são tomadas de forma
autoritária e hierárquica, do líder supremo até os seus
subordinados. O aparato repressivo costuma contar uma polícia
truculenta e bem estruturada, responsável por conter opiniões e
grupos divergentes. Na esfera civil, a violência também é motivada
através da organização de milícias compostas, sobretudo, pela
juventude que adere ao fascismo. Exaltando a juventude e a
virilidade, a estética é extremamente importante nos regimes
fascistas. Propagandas, rituais e símbolos atuam mais do que os
argumentos na missão de reforçar as ideias fascistas e convocar a
população à participação ativa.
No
espectro político, o fascismo normalmente é localizado como parte
da extrema-direita. Entretanto, não é só ao socialismo que
ele se opõem. Sua rejeição ao liberalismo é
imensa, principalmente no que diz respeito a centralidade do
indivíduo. Para o fascismo, os interesses das massas e da nação
sempre se sobrepõem aos interesses individuais. Tal ética define
que o indivíduo deve ser valorizado quando está a serviço da
defesa patriótica. O etnocentrismo – ideia da superioridade de um
grupo sobre o outro – é um traço fundamental do fascismo.
No
ano de 1940, a Itália entrou na Segunda Guerra Mundial, que se
iniciou um ano antes. Em 1943, Mussolini foi encarcerado na prisão
de Gran Sasso. No mesmo ano, auxiliado por tropas nazistas, conseguiu
fugir e retomar o comando das tropas fascistas na Grande Guerra. Dois
anos depois foi preso novamente e executado por guerrilheiros
italianos antifascistas.
O
Fascismo Italiano teve forte influência em diversos outros governos
totalitários, como o Fascismo Espanhol
(Franquismo), Fascismo Português (Salazarismo) e Fascismo Alemão
(Nazismo de Hitler). O Brasil teve sua própria teoria nacionalista
de inspiração fascista, que recebeu o nome de Integralismo,
realizada pelo Ação Integralista Brasileira (AIB).
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