Origem da Vida
Hipótese da
Abiogênese
Até o século
XIX, imaginava-se que os seres vivos poderiam surgir não só a
partir da reprodução de seres preexistentes, mas também a partir
de matéria sem vida, acreditava-se que a vida era gerada a partir da
matéria bruta, de uma forma espontânea. Essa ideia, proposta há
mais de 2.000 anos por Aristóteles é conhecida como geração
espontânea.
De acordo com
essa hipótese, determinados objetos poderiam conter um “princípio
ativo”, isto é, uma espécie de “força” capaz de
transformá-los em seres vivos.
No século XVI,
Jean Baptista Van Helmont em uma de suas publicações detalhava como
se produzir seres vivos a partir do “princípio ativo”. Dentre
essas receitas Van Helmont, como era mais conhecido, ensinava como
produzir ratos da seguinte maneira: Primeiro se deve misturar uma
roupa suja com gérmen de trigo e esperar vinte e um dias para obter
os ratos.
Com a descoberta
do mundo dos microrganismos, em meados do século XVII, pelo holandês
Antonie van Leeuwenhoek com o uso do microscópio, os abiogenitas
acreditaram que seres tão pequenos não se reproduzia e sim surgiam
espontaneamente, reforçando a ideia da abiogênese.
Hipótese da Biogênese
Em meados do
século XVII a hipótese da geração espontânea começou a ser
contestada. Foram necessários inúmeros ataques à abiogênese para
que ela fosse se tornando gradualmente mais fraca. O primeiro passo
na refutação científica da abiogênese aristotélica foi dado pelo
italiano Francesco Redi, que provou que larvas não nasciam em carne
que ficasse inacessível às moscas, protegidas por telas, de forma
que elas não pudessem botar lá seus ovos.. Seu experimento limitava
as variáveis de forma cuidadosa, deixando metade dos frascos
tampados e esterilizados e outra metade destampada. Após alguns
dias, surgiram vermes apenas nos vidros abertos, provando assim que
esses não surgiam espontaneamente da carne em estado de
decomposição, e sim dos ovos postos pelas moscas.
Needham, um
padre, corroborou com a teoria da geração espontânea colocando
sucos nutritivos em tubos de ensaio e lhes aplicando sucessivos
aquecimentos. Após alguns dias, ele observava o reaparecimento dos
micróbios e defendia de forma veemente a abiogênese. Porém,
Needham não havia aquecido o suficiente e não havia tampado
efetivamente o frasco.
Spallanzani
criticou duramente a teoria e os experimentos de Needham. Fazendo o
mesmo experimento, mas aplicando fervura o suficiente e tampando,
após dias não se encontrava qualquer sinal de vida. Needham
replicou, sugerindo que ao aquecer os líquidos a temperaturas muito
altas, Spallanzani estaria destruindo ou enfraquecendo o “princípio
ativo”. A hipótese de abiogênese continuava sendo aceita pela
opinião pública, mas o trabalho de Spallanzani pavimentou o caminho
para Louis Pasteur.
Louis Pasteur foi
quem derrubou definitivamente a ideia da abiogênese, com a
utilização de uma vidraria com pescoço de cisne. Pasteur colocou
um caldo nutritivo em um balão de vidro, de pescoço comprido. Em
seguida, aqueceu e esticou o pescoço do balão, curvando sua
extremidade, de modo que ficasse voltada para cima. Ferveu o caldo
existente no balão, o suficiente para matar todos os possíveis
microrganismos que poderiam existir nele. Cessado o aquecimento,
vapores da água proveniente do caldo condensaram-se no pescoço do
balão e se depositaram, sob forma líquida, na sua curvatura
inferior.
Como os frascos
ficavam abertos, não se podia falar da impossibilidade da entrada do
“princípio ativo” do ar. Com a curvatura do gargalo, os
microrganismos do ar ficavam retidos na superfície interna úmida e
não alcançavam o caldo nutritivo. Quando Pasteur quebrou o pescoço
do balão, permitindo o contato do caldo existente dentro dele com o
ar, constatou que o caldo se contaminou com os microrganismos
provenientes do ar e não da matéria bruta.
Hipótese da
Panspermia
Arrhenius supunha
que, em épocas passadas, poeiras espaciais e meteoritos caíram em
nosso planeta trazendo certos tipos de microrganismos, provavelmente
semelhantes a bactérias. Esses microrganismos, então, foram se
reproduzindo, dando origem à vida na Terra, ou seja, a vida na Terra
fora trazida por meio do cosmo.
Hipótese
Heterotrófica
Por volta de
1927, os cientistas Oparin e Haldane elaboraram a hipótese mais
aceita atualmente, que se baseia nas transformações e alterações
da Terra primitiva. Segundo eles, a atmosfera primitiva era formada
pelos gases: NH3(amônia); CH4 (metano); H2 (hidrogênio) e vapor de
água. Por causa das altas temperaturas, durante um longo período
ocorreu evaporação de água da superfície da Terra. Esses gases
foram se acumulando na atmosfera e sofreram resfriamento,
condensando-se e caindo em forma de chuvas. O resfriamento da
superfície terrestre permitiu que a água se acumulasse nas
depressões deixadas pelas erupções vulcânicas. A água carregava
partículas presentes no solo e partículas oriundas da atmosfera
para as depressões, originando os mares e oceanos. Com o passar do
tempo, as águas dos oceanos foram se transformando em verdadeiros
caldos de substâncias, que seriam os precursores da matéria
orgânica.
As partículas
foram-se aglomerando, dando origem a estruturas maiores – os
coacervados. Esses coacervados ainda não são seres vivos, mas
aglomerados de substâncias orgânicas. Oparin e Haldane admitem que
os coacervados continuaram a reagir entre si, dando origem a
compostos mais complexos com capacidade de se reproduzir. Teria
surgido a primeira forma de vida.
Moléculas
simples encontradas na Terra primitiva são precursoras das moléculas
orgânicas complexas. Os primeiros seres vivos eram estruturas
simples, viviam em ambientes aquáticos, cercados por matéria
orgânica (mares e oceanos primitivos) e incorporavam essa matéria
orgânica para produção de energia. Seriam seres heterotróficos.
Nas condições
atuais da Terra, a transformação dos alimentos em energia ocorre
graças às reações com o oxigênio. Supondo que o oxigênio não
fazia parte da atmosfera e de mares primitivos, os primeiros seres
vivos conseguiam energia por meio de um processo anaeróbico –
fermentação. Esses organismos anaeróbicos ou fermentadores
reproduziam-se continuadamente, provocando escassez de matéria
orgânica. Algumas mutações podem ter acontecido, permitindo a
alguns seres utilizar a energia solar como fonte de energia. Surgiram
assim os primeiros seres autótrofos ou fotossintetizantes
No processo da
fotossíntese ocorreu a liberação de gás oxigênio (O2) para a
atmosfera, e com a presença desse gás surgiu a respiração
aeróbica. A conclusão da hipótese heterotrófica é de que ocorreu
primeiramente a fermentação, em seguida a fotossíntese e
posteriormente a respiração.
Experiência de Miller
Utilizando um
aparelho formado por um sistema de vidros, Miller misturou os
elementos químicos NH3 , CH4 , H2 e H2 O, simulando a atmosfera
primitiva. Com a ação de descargas elétricas, simulou os raios que
provavelmente atingiram a Terra primitiva. No fim da experiência,
verificou que a mistura continha moléculas orgânicas, entre elas
aminoácidos, substâncias que formam as proteínas. Essa experiência
reforçou assim a hipótese gradual dos sistemas químicos de Oparin
e Haldane.
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