Literatura: Principais Autores do Romantismo Brasileiro
Álvares
de Azevedo (1831 - 1852)
Poeta
romântico por excelência, Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo
e estudou na Faculdade de Direito, porém, não chegou a concluir o
curso. Faleceu jovem, aos 21 anos, vítima da tuberculose e
da infecção resultante de um acidente de cavalo. A partir do acidente,
desenvolveu verdadeira fixação com a própria morte, escrevendo a
respeito da passagem do tempo, do sentido da vida e do amor - esse
último, jamais realizado.
Seu
livro de poesias, Lira
dos Vinte Anos (publicada
postumamente em 1853), carrega consigo a melancolia de um poeta
empenhado em expressar seus sentimentos mais profundos. O conjunto de
poesias também evidencia um poeta sensível, imaginativo e
harmonioso.
Pode-se
dizer que sua obra possui características góticas,
pois retratam paisagens sombrias, donzelas em perigo, personagens
misteriosas, envoltas em vultos e véus entre outros. Sobre o livro, Machado de Assis, em uma crítica diz: “Em tão curta idade, o poeta da Lira dos Vinte Anos deixou documentos valiosíssimos de um talento robusto e de uma imaginação vigorosa”. Pode-se dizer que o livro é marcado por diferentes sentimentos: primeiramente, há o sentimentalismo, a subjetividade e a carga dramática, inspirada pelo pressentimento da morte, a idealização e a dor do amor. Ainda Machado: “o autor da Lira dos Vinte Anos raras vezes escreve uma página que não denuncie a inspiração melancólica, uma saudade indefinida, uma vaga aspiração”.
Azevedo
também escreveu um romance chamado Noite
na Taverna (publicada
postumamente em 1855), uma narrativa composta por cinco histórias
paralelas sobre cinco homens que relatam, em um bar, histórias de
terror vivenciadas pelos mesmos. São eles: Solfieri, Bertram,
Gennaro, Claudius Hermann e Johann. Os nomes são claramente europeus
e fazem referência aos romances românticos produzidos naquele
continente (especialmente os italianos e os alemães), bem como sua
temática macabra, inspirada nos romances góticos, característico da Segunda Geração do Romantismo.
Já em “Macário”, única peça do autor, há também a ambientação em uma taverna, onde um jovem de nome Macário dialoga com um estranho que se apresenta como “Satã”. Há também a temática da morte, do sombrio, e do satânico
Já em “Macário”, única peça do autor, há também a ambientação em uma taverna, onde um jovem de nome Macário dialoga com um estranho que se apresenta como “Satã”. Há também a temática da morte, do sombrio, e do satânico
Bernardo
Guimarães
Ele
pretendia, junto com Álvares de Azevedo, instalar a
boêmia byroniana em São Paulo. Tornou-se célebre
principalmente por sua famosa obra A Escrava Isaura.
Casimiro
de Abreu (1839 - 1860)
Nasceu
em Capivary (RJ) e aos quatorze anos embarcou com o pai para
Portugal, onde escreveu a maior parte de sua obra, em que denota a
saudade da família e da terra nativa. Poeta da segunda geração
romântica, Casimiro escreveu poemas onde o sentimento nativista e a
busca pela inocência da infância estão presentes. Pertenceu,
graças à amizade com Machado de Assis, à então recém fundada
Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de número seis.
Sua
produção poética está reunida no volume As
primaveras (1859)
cujo poema mais conhecido é Meus
oito anos,
em que o poeta canta a saudade da infância vivida:
Castro Alves (1847 - 1871)
Castro Alves (1847 - 1871)
Considerado
um dos poetas brasileiros mais brilhantes, Castro Alves tem sua obra
dividida em duas grandes temáticas: poesia lírico-amorosa e a
poesia social e das causas humanas. É o patrono número sete da
Academia Brasileira de Letras.
Uma
das principais características de sua obra é a eloquência, a
utilização de hipérboles, de antíteses, de metáforas,
comparações grandiosas e diversas figuras de linguagem, além da
sugestão de imagens e do apelo auditivo. O poeta também faz
referência a diversos fatos históricos ocorridos no país, tais
como a Independência da Bahia, a Inconfidência Mineira (presente na
peça O
Gonzaga ou a Revolução de Minas),
Diferentemente
dos poetas da primeira geração, individualistas e preocupados com a
expressão dos próprios sentimentos, Castro Alves demonstra
preocupação com os problema sociais presentes na sua época.
Demonstra também um certo questionamento aos ideais de
nacionalidade, pois, de que adiantava louvar um país cuja economia
estava baseada na exploração de sua população (mais
especificamente dos índios e dos negros)?
A
visão do poeta demonstra paixão e fulgor pela vida, diferentemente
dos poetas ultrarromânticos da geração precedente.
A
poesia de Castro Alves já demonstra aspectos, temáticas e
tendências do movimento chamado Realista, que "nega" os
preceitos românticos embora sua obra seja romântica.
Graças
a sua obra empenhada na denúncia das condições dos negros, ficou
conhecido como "o poeta dos escravos", por solidarizar-se
com a situação dos que aqui vinham e eram submetidos a todo tipo de
trabalho em condições desumanas.
Gonçalves
de Magalhães (1811-1882)
Estudou
Medicina e viajou para a Europa, onde exerce a função de diplomata
e passa a ter contato com a produção literária do velho continente
e funda, em Paris, a revista literária Niterói,
revista brasiliense,
um dos marcos iniciais do movimento romântico no país.
Suspiros
poéticos e saudades (1836)
inaugura o movimento com uma literatura ufamista, celebrando a
nacionalidade e também com temas religiosos, repudiando a estética
clássica e a temática da mitologia pagã (bastante expressiva no
período anterior). Além da poesia lírica voltada para o
sentimentalismo, nacionalismo e religiosidade, Magalhães escreveu
a Confederação
dos Tamoios (1856),
poema em dez cantos, inspirado nos poemas épicos, em que versa sobre
a rebelião dos indígenas contra os colonizadores portugueses
ocorrida entre os anos de 1554 e 1567. Nele, o poeta defende os
índios como bravos guerreiros empenhados na defesa de sua terra, o
que denotaria um forte sentimento nacionalista embora ainda não
houvesse oficialmente um país. Logo, os índios seriam os primeiros
heróis nacionais.
Gonçalves
Dias (1823-1864)
Gonçalves
Dias nasceu em Caxias, no Maranhão e, com quinze anos, vai a Coimbra
estudar Direito. Longe do Brasil, toma contato com poetas portugueses
que cultivavam a Idade Média. É considerado o primeiro poeta de
fato brasileiro por dar vazão aos sentimentos de um povo com relação
à pátria.
Em
1843 escreve seu famoso poema Canção
do Exílio,
onde se percebe algumas das principais características do
Romantismo: saudosismo, nacionalismo, exaltação da natureza, visão
idealizada da pátria e religiosidade.
Joaquim
Manuel de Macedo (1820 - 1882)
Joaquim
Manuel de Macedo nasceu e faleceu na cidade do Rio de Janeiro.
Fomrado em medicina, exerceu a carreira por pouco tempo dedicando-se
posteriormente à vida literária e ao ensino. É o patrono da
cadeira de número vinte da Academia Brasileira de Letras.
É
considerado um dos romancistas mais importantes do período por ter
inaugurado o romance romântico brasileiro, em termos de temática,
estrutura e desenvolvimento de enredo. Este último se desenvolve da
seguinte maneira, com o seguinte movimento: descrição do ambiente,
surgimento de um conflito, resolução do mistério e
restabelecimento do ambiente pacífico inicial.
Seu
principal romance é A
Moreninha (1844),
em que estão representados os costumes da elite carioca da década
de 1840, bem como suas festas e tradições e hábitos da juventude
burguesa do Rio de Janeiro. Ainda, segundo o professor Roger
Rouffiax, "a fidelidade com que o romancista descreveu os
ambientes e costumes serviu como um documentário sobre a vida urbana
na capital do Império."
Outras
obras do autor são O
Moço Loiro (1845)
e A
Luneta Mágica (1869).
José
de Alencar (1829 - 1877)
É
patrono número vinte e três da Academia Brasileira de Letras por
escolha de Machado de Assis. É um escritor romântico a desenvolver
o romance com temas mais variados e abrangentes
Os
críticos costumam dividir em quatro as fases principais de sua
produção:
a)
urbana ou social: Cinco
Minutos (1856), A viuvinha (1860), Lucíola (1862), Diva (1864), A
pata da gazela (1870), Senhora (1875);
b)
indianista: O
Guarani (1857), Iracema (1865);
c)
histórico: As
Minas de Prata (1865), Guerra dos Mascates (1873);
d)
regionalista:
O gaúcho (1870), O Sertanejo (1875);
A
) romances urbanos ou sociais:
As
características principais dos romances urbanos ou sociais são:
-
final feliz ou ideal;
-
prevalência do amor verdadeiro;
-
protagonistas femininas (que refletem um "ideal de
feminilidade");
-
retrato das relações familiares;
-
ambiente doméstico;
-
casamentos;
-
questões financeiras
Os
três romances mais conhecidos dessa fase
são: Lucíola (1862), Diva (1864)
e Senhora (1875)
que fazem parte da chamada trilogia "perfis de mulheres".
Eles retratam uma sociedade elegante marcada pela ascenção da
burguesia carioca empenhada em seguir a moda das cidades europeias,
mais notadamente de Paris, no que diz respeito tanto às vestimentas
quanto à vida cultural no período do Segundo Reinado.
O
drama quase sempre gira em torno de um jovem casal que precisa
enfrentar obstáculos sociais, geralmente envolvendo questões
financeiras, se quiserem ficar juntos.
b)
romances indianistas:
Características
principais:
-
nacionalistas;
-
exaltação da natureza;
-
idealização do índio;
-
temas históricos;
-
resgate de lendas;
-
índio como um herói, europeizado, quase medieval;
-
contato do índio com o europeu colonizador;
O
Brasil, agora uma nação indepentende, precisava definir seus heróis
nacionais e os autores indianistas viam o índio como o personagem
ideal por este ser quem primeiro expressou amor às terras
brasileiras, defendendo seu território e seu povo contra os
colonizadores europeus.
c)
romances históricos:
São
os romances de fundo histórico, voltados para o período colonial
brasileiro propondo uma nova interpretação para fatos marcantes do
período colonial do século XVII, como a busca por ouro e as lutas
pela expansão territorial. Seus enredos denotam, em vários
momentos, nacionalismo exaltado e a importância da construção
histórica da pátria através da literatura.
O
romance As
Minas de Prata (1865)
retrata o início pelas minas de prata e a corrida por metais
preciosos e A Guerra dos Mascates trata dos conflitos entre as
cidades históricas de Olinda e Recife.
d)
romances regionalistas:
Nesses
romances, Alencar procurou dar conta da diversidade brasileira e das
regiões que se encontravam distantes da corte e das principais
cidades que receberam forte influência europeia. O autor desejava
cobrir os territórios de maneira a mostrar como a vida de seus
habitantes estava intimamente ligada ao meio físico no qual travavam
contato.
Curiosidade:
no ano de 1856 Alencar publica uma série de cartas em resposta ao
poema A
Confederação dos Tamoios (1857),
de Gonçalves de Magalhães. A coletânea de oito cartas, pubilcada
sob o título de Cartas
sobre a confederação dos tamoios pretendia
criticar o poema de Magalhães que, na época, era protegido do
imperador Dom Pedro II. A crítica recai principalmente no modelo
escolhido por Magalhães para seu poema, o épico, um gênero
clássico que não seria adequado para cantar o índio brasileiro.
Além disso, critica a fraca musicalidade do poema, a falta de "arte"
na descrição da natureza brasileira e dos costumes indígenas. No
ano seguinte (1857), Alencar publica seu primeiro romance
indianista, O
Guarani como
resposta ao poema de Magalhães.
Manuel
Antônio de Almeida (1830 - 1861)
Nasceu
no Rio de Janeiro e faleceu em Macaé (também no estado do Rio de
Janeiro), vítima de um naufrágio. Formado em medicina, abandonou o
ofício para se dedicas às letras, sendo nomeado, posteriormente
administrador da Tipografia Nacional. Manuel
Antônio de Almeida foi um importante fomentador das letras
brasileiras. Seu romance mais famoso, Memórias
de um Sargento de Milícias,
foi publicado em formato de folhetim entre os anos de 1852 e 1853 no
periódico Correio
Mercantil do
Rio de Janeiro. A ideia para a composição do romance surgiu após
ouvir as histórias de um colega de jornal, um antigo sargento
comandado pelo Major que inspirou o personagem homônimo do livro.
O
romance é uma obra inovadora para sua época pois rompe com o
retrato exclusivo da vida e dos hábitos da aristocracia para
retratar o ambiente e a linguagem do povo em sua simplicidade. Além
disso, Leonardinho, o protagonista, não é o protótipo do herói
romântico, mas sim, um menino travesso que mais tarde se transforma
em um jovem pícaro, dado à vadiagem e à malandragem no lugar de
procurar uma ocupação.
O
romance é considerado por alguns teóricos como o primeiro romance
realmente de costumes brasileiro por retratar a sociedade em toda a
sua simplicidade e Manoel Antonio de Almeida é por vezes considerado
um autor de transição entre o Romantismo e o período seguinte, o
Realismo. Além disso, o autor traz para o enredo elementos que até
então não eram retratados pelos romancistas, como acampamentos de
ciganos e bares frequentados pelas camadas sociais mais baixas.
Sousândrade
(1833 - 1902)
Joaquim
de Sousa Andrade, mais conhecido como Sousândrade, nasceu e faleceu
no Maranhão, porém, viveu grande parte da sua vida entre o Brasil,
a Europa e os Estados Unidos.
Autor
de vasta obra, seu trabalho mais importante é fruto de suas viagens,
responsáveis pelo contato com realidades diferentes ao redor do
mundo. O aspecto que mais o diferencia dos outros poetas brasileiros
é a originalidade da sua poesia, principalmente com relação à
ousadia de vocabulário com o uso de palavras em inglês e
neologismos, bem como de palavras indígenas. Além disso, a
sonoridade dos poemas também rompe com a métrica e com o ritmo
tradicionais, o que despertou a atenção da crítica literária do
século XX.
Seu
poema mais famoso é o Guesa
Errante,
escrito entre 1858 e 1888. O Guesa Errante denuncia o drama dos povos
indígenas à exploração dos povos europeus.
Comentários
Postar um comentário