Literatura: Simbolismo


Contrariamente aos parnasianos, que tinham uma visão objetiva e científica do mundo, os simbolistas procuraram expressar de maneira subjetiva o mundo do inconsciente, do vago, do nebuloso, da ilusão, do caos, do ilógico e do mistério.
A literatura simbolista surgiu, em parte, como reação ao espírito racionalista e cientificista do Realismo-Naturalismo e do Parnasianismo.
Trazido da França, onde o poeta Boudelaire havia publicado Flores do Mal, em 1857, inaugurando a nova estética, o Simbolismo teve início em Portugal com a publicação de Oaristos (1890), de Eugênio de Castro, e, no Brasil com a publicação de Missal e Broquéis (1893), de Cruz e Sousa.
Singularmente, nota-se neste estilo um ponto de contato com o Romantismo (principalmente a Segunda Fase), uma vez que os autores simbolistas retornavam ao antigo subjetivismo, dando ênfase ao “eu” do poeta, à exploração de sua alma, de seu sentimento, de sua sensibilidade, explorando-a através de uma linguagem pessimista e musical, de modo que a carga emotiva das palavras é ressaltada.
Entretanto, se os autores românticos nessa introversão não passam das camadas mais superficiais da alma humana, o mesmo não acontece com os simbolistas, de vez que a sua autossondagem é muito mais profunda e significativa, atingindo os limites do inconsciente. Acreditavam eles estar aí, nestas regiões desconhecidas e inexplicáveis da alma humana, o repositório de sensações e emoções que caracterizam a essência de todas as coisas. Os autores do movimento aprenderam da evolução da psicanálise que o ser humano não era apenas um todo orgânico-biológico, mas sobretudo que esse “todo” se orientava por uma série de reflexos íntimos, alucinantes às vezes, que seriam o manancial de toda a emotividade (Freud). Perseguia-se, pois, nessa introversão, a potencialidade humana de abstração do belo e do sublime, fazendo da Arte a representação desse sentimento de êxtase e finura estética. Há, também, elementos sinestésicos (mistura de sensações). 
No plano formal, o uso de letra maiúscula em substantivos comuns é uma característica do
Simbolismo. O poeta simbolista busca a transcendência, a transfiguração da realidade cotidiana para uma dimensão metafísica, que é uma característica da estética simbolista.

A poesia simbolista procurava criar uma atmosfera sensual e onírica desvinculada do mundo real, mas sensível e expressiva por estimular os sentidos e as sensações através das metáforas e sinestesias.
Os filósofos Henri Bergson, Arthur Schopenhauer e Soren Kierkegaard e Sigmund Freud, com suas reflexões, contribuíram para a formação das bases intelectuais do movimento simbolista europeu.
As teorias desses filósofos, marcadas pela agonia, pela melancolia e pelo pessimismo, mostraram a face cultural de um período da história europeia em que a descrença nos atributos racionais e a saturação das conquistas científicas conduziram à crença em uma decadência da civilização.
No terreno da literatura, esse estado de espírito caracterizou o movimento conhecido como decadentismo, iniciado na França a partir da década de 1880 e que pode ser considerado um dos embriões do Simbolismo.
O termo Simbolismo, como nome de tendência literária, foi usado pela primeira vez na França, em 1886, e serviu para caracterizar, de forma geral, os seguidores dos poetas franceses.
O movimento simbolista na literatura teve força até o movimento modernista do começo da década de 1920, embora o Parnasianismo tenha ocupado a posição de destaque.

Principais autores:

Cruz e Souza
Cruz e Souza era brasileiro e é um dos principais representantes do Simbolismo no Brasil. Seus textos eram carregados de erotismo e satanismo, e de vez quando misticismo; apresentavam uma visão trágica da vida. Cruz e Souza tinha uma obsessão pela cor branca, e criava analogias e entre o abstrato e o concreto.
No Brasil, o simbolismo teve início no ano de 1893, com a publicação de duas de suas obras: Missal (prosa) e Broquéis (poesia).

Eugênio de Castro
Eugênio de Castro é um autor português e foi o responsável por inaugurar o Simbolismo português. As obras de Eugênio de Castro possuem versos livres, vocabulário erudito, pessimismo e ambiguidade nos temas trabalhados.

Alphonsus De Guimaraens
Amor, a morte e a religiosidade formam a tríade temática privilegiada por este autor, também possivelmente compreendida pelas suas experiências particulares, assinaladas pela morte de sua noiva Constança. Alphonsus de Guimaraens acolhe esses temas em sua obra sob um misticismo evidente, que o faz ser reconhecido até hoje como um dos mais místicos (senão "o mais místico") dos poetas brasileiros, além de sua atmosfera melancólica. Ao explorar esse tema ele se aproxima dos escritores ultrarromânticos que exploravam a literatura gótica e macabra.

Obs: vale destacar que não existe romance Simbolista. O simbolismo é um movimento estético eminentemente poético.

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