Revolta de Canudos


Ocorrida em 1896 e 1897, no arraial de Canudos, uma comunidade do Sertão da Bahia. Um movimento que refletia a extrema miséria em que viviam as populações marginalizadas do Sertão Nordestino.

Por volta de 1893, reuniu-se no arraial de Canudos, na Bahia, um grupo de fiéis, seguidores de Antônio Conselheiro, também conhecido como “Bom Jesus, um beato, nascido no Ceará, que pregava a salvação da alma para quem o seguisse.

Depois de longa peregrinação pelos sertões de Pernambuco e Sergipe, penetrou pelo interior da Bahia e, se instalou em Canudos. Aí, Conselheiro e seus fiéis ergueram a “cidade santade Belo Monte, que se transformou em um refúgio de desprotegidos e perseguidos.
Canudos era uma comunidade onde inexistiam diferenças sociais e onde os rebanhos e as lavouras pertenciam a todos. Esse modelo socioeconômico era uma atração constante para milhares de sertanejos.

Para os sertanejos, o arraial era a “terra prometida”. Para os padres que perdiam seus fiéis, e para os grandes proprietários de terra que perdiam seus trabalhadores, era um “reduto de fanáticos” que devia ser destruído. Os jornalistas e intelectuais também eram contra os moradores do arraial, pois entendiam que os mesmos desejavam a volta da monarquia.
Padres e coronéis pressionaram o governador do estado da Bahia, que enviou duas expedições militares. Os soldados foram vencidos pelos homens de Conselheiro que empregavam as táticas da emboscada e da luta corpo a corpo.

O vice-presidente Manuel Vitorino, que ocupava naquele momento a presidência como substituto de Prudente de Morais, enviou a terceira expedição, comandada pelo coronel Moreira César. Para o governo era uma questão de honra militar e nacional combater os “fanáticos”. Contudo essa expedição foi derrotada e o comandante morto em combate.

As sucessivas derrotas militares se explicavam pelo fato da grande maioria dos soldados desconhecerem a região da caatinga, tão familiar ao povo de Canudos. Além disso, os homens do Conselheiro lutavam pela sobrevivência e pela salvação da alma, acreditando que aquela era uma guerra santa.

No Rio de Janeiro a oposição acusava o presidente de fraqueza na repressão ao movimento, considerado por muitos como monarquista. Prudente de Morais ordenou ao ministro da Guerra, marechal Bittencourt, que embarcasse para a Bahia e assumisse o controle direto das operações. Foi então organizada nova expedição, a quarta, com mais de 5000 homens sob o comando do general Artur Oscar, com a ordem de destruir Canudos.

Após intenso bombardeio de canhão, a missão foi cumprida. Canudos foi totalmente destruído em 5 de outubro de 1897. As tropas oficiais não fizeram prisioneiros. Milhares de camponeses e soldados morreram no conflito. Todas as casas foram queimadas e destruídas e ocorre a pena da "gravata vermelha" - execução sumária de prisioneiros já subjugados, que eram posicionados de joelhos e degolados.
A Guerra de Canudos foi descrita por Euclides da Cunha, que testemunhou as operações do exército, no livro “Os Sertões”, publicado em 1902.

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