Revolução Russa


A Revolução Russa de 1917 resultou da desagregação do regime czarista (absolutismo russo), vigente desde o século XVI, provocada pela ação da oposição organizada e das revoltas das camadas populares, arrasadas pela guerra e pela miséria.

Na Rússia, durante o século XIX, a falta de liberdade era quase absoluta, no meio rural, a massa camponesa vivia submetida à nobreza latifundiária, classe social teoricamente livre, pois vivia subjugada pelo czar (imperador). No campo reinava forte tensão social com a permanência de um sistema de produção nitidamente feudal, o que retardava a modernidade do país. As reformas promovidas pelo czar Alexandre II com a abolição da servidão em 1861, e a reforma agrária, pouco adiantaram para aliviar as tensões.

O regime czarista reprimia todo tipo de oposição. A Ochrama, polícia política, controlava o ensino secundário, as universidades, a imprensa e os tribunais. Milhares de pessoas eram enviadas ao exílio na Sibéria. Capitalistas e latifundiários mantinham o domínio sobre os trabalhadores urbanos e rurais.
Os problemas internos da Rússia se agravaram ainda mais após a guerra Russo-Japonesa (1904-1905). A origem do conflito foi a disputa entre os dois países por territórios na China e por áreas de influência no continente. A derrota ante os japoneses mergulhou a Rússia numa grave crise econômica e aumentou o descontentamento de diferentes grupos sociais com o czar Nicolau II. Começaram a ocorrer greves e movimentos reivindicatórios, duramente reprimidos pela polícia czarista.
No governo do czar Nicolau II (1894-1917), a Rússia acelerou seu processo de industrialização aliada ao capital estrangeiro. A massa operária concentrou-se em grandes centros industriais. As condições pioraram, com a fome, o desemprego e com a desvalorização dos salários.
No início do século XX, as condições gerais da Rússia já prenunciava uma explosão revolucionária. Em janeiro de 1905, o caso mais expressivo de turbulência ocorreu em quando um grupo de operários foi metralhado em frente ao Palácio de Inverno de São Petersburgo, sede do governo, ao participar de um movimento pacífico, para entregar um abaixo assinado ao czar. O massacre ficou conhecido como Domingo Sangrento, a primeira tentativa revolucionária ou ensaio revolucionário, provocou uma onda de protestos em todo o país.
Diante da pressão revolucionária o czar promulgou uma Constituição e permitiu a convocação de eleições para a Duma (Parlamento). A Rússia tornava-se assim uma monarquia constitucional, embora o czar concentrasse grande poder, em contraste com as limitações do Parlamento.
Mesmo com uma Rússia precária, sofrendo da falta de emprego, escassez de alimentos, salários indignos, e uma alta taxa de pobreza, Nicolau II decidiu incluir o país em uma guerra mundial, ato este que aumentaria ainda mais a insatisfação do povo e o prejuízo existente no país. Nicolau II acreditava que por meio da guerra pudesse expandir o Império Russo e diminuir a insatisfação popular. Durante a Primeira Guerra Mundial, como membro da Tríplice Entente, juntamente com a Inglaterra e a França, a Rússia lutou contra a Alemanha e a Áustria-Hungria. Com as sucessivas derrotas, a Rússia estava militarmente aniquilada e economicamente desorganizada.
A oposição ao governo crescia. Os partidos perseguidos iam para a clandestinidade, como o Partido Social Democrata, liderado por Plekhanov e Lênin, para fugir das perseguições políticas viviam fora da Rússia.

As divergências de opinião fragmentaram o partido, que se dividiu em três tendências:
  • Bolcheviques (maioria, em russo), liderados por Lênin e Trotsky, defendiam a ideia revolucionária da luta armada para chegar ao poder.
  • Mencheviques (minoria, em russo), liderados por Plekhanov, defendiam a ideia evolucionista de se chegar ao poder através de vias normais e pacíficas
  • O Partido Democrático Constitucional: partido da burguesia e da nobreza liberal, favorável à continuação da guerra e ao adiamento de quaisquer modificações sociais e econômicas.
Os movimentos grevistas iniciados em Petrogrado espalharam-se por vários centros industriais. Os camponeses se rebelaram. A maior parte dos militares aderiu aos revolucionários, o que gerou a deposição do czar Nicolau II, em fevereiro de 1917.
Com a deposição de Nicolau II, formou-se um Governo Provisório, chefiado pelo príncipe George Lvov. Esse governo, dominado pela burguesia russa, decidiu continuar na guerra.
Com isso, o governo provisório de Lvov foi substituído por Alexander Kerenski. Sofrendo pressões dos sovietes, o governo concedeu anistia aos prisioneiros e exilados políticos. De volta à Rússia os bolcheviques, liderados por Lênin e Trotsky, organizaram um congresso onde defendiam: “Paz, terra e pão” (paz, por querer sair da guerra, terra, por querer uma reforma agrária, pão, por desejar um abastecimento interno) e “Todo o poder aos sovietes” (sovietes são conselhos de operários criados para organizar a luta revolucionária).
A massa operária e os camponeses, sob a liderança de Lênin, tomaram o poder, evento conhecido com Revolução de Outubro. Saída da Rússia da Guerra, com o Tratado de Brest-Litovsk e realizando a reforma agrária e estatização. Os quatro primeiros anos de governo bolchevique foram marcados por uma guerra civil que abalou profundamente a Rússia, entre o Exército Branco, ajudado pelas potências capitalistas e liderado por antigos oficiais do czar, conversadora e contrarrevolucionária  e o Exército Vermelho, defensor da revolução, criado por Leon Trotsky, garantindo a permanência dos Bolcheviques no poder. A revolução estava salva, mas a paralisação econômica era quase total.
Para restaurar a confiança no governo, foi criada a NEP (Nova Política Econômica), que permitia a entrada de capital estrangeiro. A aplicação da NEP resultou no crescimento industrial e agrícola da Rússia, um período de transição, onde mesclou a economia capitalista à socialista. Nesse período, houve a proibição de quaisquer outros partidos políticos e sindicatos além do Partido Comunista.
 Em 1922, países vizinhos passam a adotar o socialismo e, juntamente à Rússia, dão origem a uma espécie de confederação comunista, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), liderado do Lênin.

Com a morte de Lênin, em 1924, Stalin e Trotski passaram a disputar o poder. Stalin defendia a ideia de que a União Soviética deveria construir o socialismo em seu país e só depois tentar levá-lo a outros países; Trotski achava que a Revolução Socialista deveria ocorrer em todo o mundo, pois enquanto houvesse países capitalistas, o socialismo não teria condições de sobreviver isolado.  Stalin venceu a disputa. Trotski foi expulso da URSS e morto secretamente após alguns anos. A União Soviética ingressou, então, na fase do planejamento econômico. Foi a época dos planos quinquenais (cinco anos), inaugurada em 1928. Os planos se sucederam a transformaram a União Soviética em uma potência industrial. Contudo, a violência foi amplamente empregada pelo governo para impor sua política.

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